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Idia

Neste trabalho procurei mencionar, de modo surrealista, as etnias africanas (principalmente as subsaarianas) em que o uso ritual de máscaras é muito importante. Nestes contextos as máscaras podem significar que a pessoa passa a ser a entidade espiritual à qual a máscara está relacionada, simbolizando, também, a beleza feminina, características morais, dentre outros aspectos. Eu quis fazer esta relação entre a ênfase no aspecto não-racional/espiritual do uso das máscaras africanas e desta ênfase no subconsciente presente no movimento surrealista na fotografia.

 

A inspiração principal foi a máscara de Idia - a rainha-guerreira de Benin, feita de latão. Sugere-se que esta máscara foi elaborada por obá Esigie (1516-1550) em memória de sua mãe, uma rainha-guerreira excelente estrategista militar e conselheira política e que o rei usava a máscara em seu quadril durante cerimônias especiais. Por outro lado, a referência fotográfica que utilizei, foi o trabalho fotográfico surrealista de Man Ray (1890-1976), mais especificamente sua fotografia intitulada "Noire et Blanche" (1926) em que há a presença de uma máscara.

 

A fim de enfatizar, também, a relação da África como Continente-Mãe da Humanidade foi que fiz as fotografias utilizando uma modelo feminina e enfatizando a máscara em seu aspecto feminino. Há, também, uma menção surrealista, por meio do uso de luz e sombras, à uma imagem de "cabeças que boiam em uma espécie de mar de escuridão" - como referência à memória trágica da escravidão. Esta memória permeia o subconsciente afro-brasileiro referente aos milhares de escravos que foram jogados ao mar durante sua travessia para o continente americano nos navios negreiros e remete aos impactos irreversíveis da escravidão para a África e para os brasileiros que, como a rainha Idia, permanecem lutando.

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