Demasiado Humano
Brincando com a 'estranheza' dos objetos, que a 'pausa fotográfica' permite analisar, bem como com a 'humanidade' nos não-humanos, que nos fazem fazer, se relacionam conosco dentro de suas possibilidades materiais e que, sobretudo no caso dos 'brinquedos', transformam/educam nossa maneira de nos relacionarmos, neste projeto procurei captar a expressividade dos bonecos e bichos de brinquedo que foram parte da minha infância e da infância de meus irmãos, e que também foram parte da infância de minhas sobrinhas e que 'habitam' na casa dos meus pais.
Busquei captar aquela sensibilidade que é comum às crianças -, de perceber a 'vida' nos objetos e interagir com eles a partir desta percepção, elaborando com os objetos sentimentos de felicidade, medo, humor, raiva, alegria, dentre outros.
O título da série remete ao título de um livro do filósofo Friedrich Nietzsche - em que ele registra o conceito de 'espírito livre' - e foi usado justamente para mencionar essa capacidade libertadora presente nas crianças de interagir e perceber o mundo 'vivo' nos não-humanos, extrapolando, portanto, a noção limitadora de que não há vida nos objetos.
O trabalho também permite destacar a própria maneira peculiar que a câmera fotográfica (que também pode ser um tipo de 'brinquedo'), transforma nossa maneira de perceber a realidade e nossa relação com os objetos ao trazer à tona detalhes e expressões que não eram percebidos ou enfatizados antes de serem destacados no próprio processo de fazer a fotografia ou na posterior visualização da imagem.